quinta-feira, 26 de maio de 2011

Paysandu comemora 20 anos da primeira conquista da Série B

Diário do Pará

     Era uma tarde de domingo de futebol, mas não era uma data qualquer na capital paraense. Em Belém, naquele dia 26 de maio de 1991, milhares de pessoas saíram de suas casas trajando a camisa alviceleste, com o mesmo destino, o Mangueirão: era dia de ver o Paysandu disputar o segundo jogo da final do Campeonato Brasileiro da segunda divisão, contra o Guarani. Na edição de hoje (26), o BOLA relembra a conquista do primeiro título nacional do Paysandu, mas a história completa será publicada no próximo domingo (29), num caderno composto por uma série de reportagens especiais com tudo sobre os responsáveis pelo triunfo.
     Na partida de ida da final o time campineiro venceu por 1 a 0, então o Papão teria que sair de campo com um resultado positivo, com uma diferença mínima de dois gols para pôr a mão na taça. Quando a bola rolou, eis uma rotina: uma forte chuva caiu sobre a capital paraense. Os 45 minutos iniciais de jogo foram tensos; apesar da necessidade pela vitória, os bicolores estavam nervosos, não conseguiram furar o bloqueio feito pelo Guarani e a partida terminou sem gols. Já na segunda etapa, aos 21 minutos, o Mangueirão explodiu a primeira vez. De fora da área, Cacaio driblou o marcador, acertou um chute forte e abriu o placar: golaço, para delírio das mais de 30 mil pessoas que lotaram o estádio.
     Porém, o melhor ainda iria acontecer. E ocorreu 15 minutos mais tarde. Aos 36, o Papão se sagrou campeão brasileiro. Depois de um cruzamento para a área, a bola sobrou para Dadinho fazer o segundo. Seis jogadores do Guarani cercaram o árbitro, reclamaram bastante de impedimento e foram expulsos. Com isso, o juiz teve de encerrar a partida ali mesmo, seguindo as normas da FIFA, que não permitem a continuação de um jogo quando uma das equipes está com apenas cinco jogadores em campo. A reclamação dos adversários, no entanto, não alterou em nada o clima festivo no Mangueirão. Depois de 22 jogos, com o Paysandu jogando pelo Brasil de Norte a Sul, de Leste a Oeste, prevaleceu a força do Pavilhão Alviceleste, coroado com a conquista de um título inédito, presente perfeito dado àqueles que são apaixonadamente Paysandu.

Craque? O Paysandu faz é em casa...

     A base daquele time campeão brasileiro em 1991 era formada por jogadores paraenses, fator determinante para a boa campanha da equipe, segundo a opinião dos próprios atletas da época. “80% dos jogadores daquela nossa equipe eram paraenses, eram jogadores de uma mesma escola. A gente já se conhecia antes mesmo de atuar no mesmo time”, explica Oberdan, uma das peças importantes.
     O ex-jogador conta que o meio campo bicolor, formado apenas por atletas paraenses, era a maior arma da equipe. E ele destaca que o time era tão bom, talvez nem tivesse um ponto fraco. “Todos os setores eram bastante nivelados, tanto que na final, mesmo sem cinco titulares, a gente ficou com o título. A verdade é que nós não tínhamos um time só”, ressalta Oberdan.
     Outro paraense que também fez parte daquela conquista foi Edgar. Assim como Oberdan, ele atuava no meio campo, setor responsável por fazer o time jogar, mas Edgar destaca a força daquele conjunto.“Tínhamos um goleiro muito bom, a defesa era muito segura, o meio campo composto por jogadores daqui da terra. Um grupo fechado como aquele não tinha como não conseguir chegar lá”, pontua Edgar, que se lembra da preferência por jogadores de fora, já existente na época. “Até isso, nós superamos. Mesmo com todas as dificuldades que existem até hoje de quererem colocar jogadores de fora”, conclui.

Hoje, a realidade dá até vontade de chorar!

     O momento do Paysandu contrasta com um passado vitorioso, marcado pelas conquistas de dois títulos nacionais da segunda divisão, Copa dos Campeões, Copa Norte, além de uma participação inédita na Copa Libertadores da América. Nesta temporada, o Papão tentará pelo quinto ano consecutivo sair do Campeonato Brasileiro da terceira divisão, mas o time formado pela diretoria do clube não agrada à torcida.
     Quem deixou o seu nome gravado na história do clube aponta e, ao mesmo tempo, lamenta o problema. “É muito triste ver essa realidade do clube. As contratações feitas pela diretoria nos últimos anos não foram boas, tanto que mesmo nas partidas contra times inexpressivos os jogadores não conseguem atuar bem”, acusa Rogerinho, o único atleta da história do clube que participou das conquistas dos dois títulos brasileiros. “Eu fico muito orgulhoso de ter participado dessas duas conquistas. Apesar de ter saído do Paysandu há sete anos, as pessoas ainda me cumprimentam bastante por aí”, revela.
     O ex-jogador ressalta ainda que na época em que ele e seus companheiros atuavam era tudo diferente. “O time dos ‘caras’ quase não atacava antes, mas hoje os próprios times pequenos estão ganhando dentro da Curuzu”, contesta.
     Aos 43 anos, Rogerinho mora em São Carlos (SP), onde dirige a equipe sub-12 da prefeitura local. O ex-jogador conta que chegou a conversar com a diretoria bicolor para assumir o sub-15 do Papão, mas o negócio acabou não dando certo.

Heróis vão celebrar conquista

     Apesar do atual momento conturbado do Paysandu, o dia 26 de maio de 2011 não poderia passar em branco. Hoje, (26) às 20h30, haverá um jantar, na sede social do clube, para comemorar os 20 anos da conquista do primeiro título do Campeonato Brasileiro da segunda divisão. Alguns dos campeões brasileiros estarão presentes.
     O evento está sendo organizado pelo Grupo de Apoio ao Paysandu (GAP), equipe formada por beneméritos, ex-jogadores e dirigentes, torcedores, simplesmente pessoas que, de alguma maneira, almejam ajudar o Papão. Durante a festa, serão exibidos, em um telão, os jogos que marcaram a trajetória bicolor naquele ano, com destaque voltado, principalmente, para a final, quando o Paysandu derrotou o Guarani.
     Entre os convidados, estarão ilustres bicolores, responsáveis pela conquista, como, por exemplo, Asdrúbal Bentes (presidente), Rui Sales (diretor de futebol), Cacaio, Jerson, além dos jogadores paraenses, como Edgar, Oberdan, César Pernil, entre tantos outros. Jerson e Cacaio são os únicos que virão de fora do Estado para o jantar. A dupla chega hoje (26), às 12 horas, e retorna no próximo domingo (29). Segundo Carlos Alberto da Silva, um dos organizadores do evento, o GAP convidou o técnico daquele time, Joel Martins, mas o ex-treinador se recupera de uma cirurgia e, por isso, não virá a Belém.

CAMPANHA

     Rogerinho também conta que no período em que vestiu a camisa bicolor, o time até era derrotado longe de Belém, mas ganhava dentro de casa, ponto diferencial para as conquistas de 1991 e 2001, anos em que o Paysandu não perdeu nenhuma partida na capital paraense.

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